ESCOLA, FAMÍLIA E CULTURA
por Carlos Lúcio Gontijo
As escolas, mais que nunca, precisam
inserir as famílias no processo educacional como meio de ao menos alcançar
alguma diminuição no avanço do nível de rebeldia e agressão por parte dos
adolescentes. As análises dos estudiosos e técnicos que lidam com dados
relativos à violência no ambiente escolar sugerem que, antes de ser vistos como
simples casos de polícia, problemas como droga e demais transgressões cometidas
por crianças e adolescentes devem, numa primeira fase, ser tratados como
questões pelas quais as escolas e as famílias precisam responsabilizar-se.
Logicamente, para abraçar essa exigência,
a estrutura escolar necessita equipar-se adequadamente, com quadros suficientes
de psicólogos e assistentes sociais, que tenham condições de dialogar com os
lares dos quais provêm os alunos com problemas de comportamento ou dificuldade
de aprendizado, uma vez que os professores e as escolas não podem ser
utilizados como substitutos ou tomar o lugar de pai e mãe, que não raro
visualizam a entidade escolar como depósito de crianças e adolescentes com as
quais não conseguem ou não têm tempo de lidar.
O trabalho psicopedagógico com estudantes
flagrados usando drogas no entorno ou mesmo no interior de instituições de
ensino merece uma avaliação mais abrangente e multidisciplinar, envolvendo
psicólogos, professores e pais, pois que é notória a percepção de que, quase
sempre, os jovens usuários de drogas não são apenas jovens de lares
desestruturados, mas indivíduos que vivem em ambientes nos quais impera o
diálogo familiar ruim, em que é cada vez mais comum pai e mãe trabalharem para
o sustento material dos filhos, ficando sem o tempo necessário para o
estreitamento dos laços afetivos de compreensão, confiança, respeito e amizade,
o que leva os lares a ser constituídos por estranhos que moram sob o mesmo
teto. E, convenhamos, o simples apelo à força da consanguinidade pouco vale
nesses casos!
Todavia é bom que nos lembremos de que
educação e cultura no Brasil sempre foram áreas desprezadas e mal administradas
ou tratadas como de menor relevo, apesar de todas as autoridades constituídas
terem pleno conhecimento de que o país não chegará a lugar algum se não
coadunar o crescimento da economia com a evolução do nível educacional de sua
gente. Se assim não se der, o Brasil jamais passará de nação rica com povo
pobre, porque sempre haverá bolsões de miseráveis e cidadãos incapazes de
cuidar de si mesmos, exatamente pela letargia advinda da ignorância e falta de
discernimento. A explícita realidade é que não existe nada mais dispendioso
para o Estado que o cidadão desprovido de escolaridade e conhecimento
suficiente em face das exigências do mercado de trabalho cada vez mais
informatizado.
Quem como nós se entrega ao exercício da
literatura e do jornalismo assiste à crescente escassez de leitores, num
panorama tortuoso e de difícil saída, principalmente quando nos deparamos com
caderno de cultura da importância de um jornal “Globo”, desperdiçando o
precioso espaço de seu site para mesurar quantas vezes as “meninas” do Big
Brother Brasil de 2011 se masturbaram no transcorrer do educativo programa. Não
há como envidar esforços em prol da educação em meio a tantos fatores de
deseducação dessa magnitude.
O povo brasileiro (todos nós) está à
espera da inauguração de uma escola assentada em ensino democrático, onde a
comunidade escolar seja protegida pela prática de conceitos
didático-pedagógicos modernos, ministrados por professores bem remunerados e em
constante reciclagem. Somente dessa maneira nosso sistema de ensino será capaz
de transmitir conteúdo didático e lições de solidariedade e amor ao próximo,
que ficarão fixados na mente dos estudantes através da harmônica sintonia entre
instituições de ensino e pais de alunos, numa interação que, mais que salvar
jovens da ignorância, os afastará da delinquência proveniente do poder de
cooptação praticado pelos inescrupulosos agentes do narcotráfico, que tão bem
sabem tirar proveito da falta de união, compromisso social, senso coletivo e
congraçamento da chamada sociedade organizada.
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
3 comentários:
Revista eisFluências, mais uma edição que abrange vários seguimentos da nossa Literatura, para engrandecer nossa leitura.
E ainda a nova presença do Escritor Carlos Leite Ribeiro, onde fala do mundo maravilhoso da Rádio.A Poetisa M. Cristina Garay Andrade, nos brinda com seus belos poemas, Oleg Almeida, numa entrevista com o expoente Silas Correia, a quem conheço a mais de 10 anos da Net.Adriano Algusto , pessoa de minhas relações, a falar de Fado, isso é gratificante.
E quase ao fim um artigo merecedor de destaque do Escritor,Jornalista e Poeta Carlos Lúcio, onde seu artigo "
ESCOLA, FAMÍLIA E CULTURA " , da uma visão deste meio Educacional, vem falhando com assustadores números de dependentes nas escolas , até de bom nível, nos mostra como estamos defasados e impotente diante dum assunto tão serio nos meios escolares.
Enfim, a Revista veio para marcar, e seguir um caminho com SUCESSO! Parabéns aos seus Idealizadores, seus Diretores e Colaboradores.
Efigênia Coutinho
Presidente Fundadora - AVSPE
www.avspe.eti.br/
Agradeço-lhe penhorado a sua analise concreta e objectiva desta revista.
É uma honra receber os comentários da grande Efigênia Coutinho.
As minhas sinceras saudações.
Victor Jerónimo
Prezada Escritora e Poetisa, Efigênia Coutinho, digna Fundadora da nobre Academia AVSPE:
A Revista eisFluências agradece, desvanecida, a sua leitura atenta, e o seu estimulante apreço ao nosso trabalho conjunto, gentileza a que já nos habituou, como nobre leitora, autora e divulgadora de Letras, cujo empenho nos caminhos da Palavra todos nós reconhecemos com gratidão.
O nosso grato e amistoso abraço,
P'la Revista eiFluências,
Carmo Vasconcelos
(Directora Cultural)
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