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domingo, 12 de fevereiro de 2012

eisFluências de Fevereiro de 2011 - Suplemento




ARRUAR POR UM RECIFE HISTÓRICO, CULTURAL E POÉTICO
Pela passagem dos 474 anos do aniversário do Recife

Reportagem escrita e realizada por Mercêdes Pordeus

Recife que canta e encanta quem nele vive e os que o visitam levando consigo a impressão de uma cidade lendária, rica em tradições, porém que a partir delas também se moderniza.
O Recife fala por si só.
 Como?
Vou lhes dizer:
Recife fala através dos seus rios, das suas pontes (que sobre eles tecem um lindo visual ), suas praças, igrejas e teatros...da poesia, desde a popular e livre aquela que está escrita de modo colorida nos seus muros, como se não fosse suficiente se despir para seus transeuntes através dos poetas consagrados que o cantaram em versos e prosa.
Poetas e escritores, muitos já não estão entre nós, porém deixaram como legado um grande acervo que consiste num hino de amor a cidade.
A poesia popular, os cordéis enaltecem o Recife e um dia se tornarão, através da sua continuidade, grande contribuição para as gerações futuras.
Andar pelas ruas do Recife é respirar história, sentir pairar no ar a poesia, reviver um passado de glória e nesse contexto ingressar num mundo real X ilusório.
Recife histórico, lendário com suas lutas de ideais libertários constantes, dentre elas: A Revolução de 1817 e a Confederação do Equador em 1824.
Seu primeiro registro histórico aconteceu em 12 de março de 1537.
Na ocasião desse registro, deu donatário, Duarte Coelho Pereira, recebeu a Carta de Doação da Coroa Portuguesa: Foral de Olinda, nessa carta o lugar era denominado de ancoradouro de navios, onde mais tarde um lugarejo originaria a capital de Pernambuco. No início do século XVII o Recife possuía cerca de 40 casas apenas, as quais se localizavam sobre o istmo que ligava Olinda a Recife. O istmo apresentava pouca largura sendo banhado por um lado pelo mar e outro o Rio Beberibe.
Em 1630 Recife foi invadido pelos holandeses, que inicialmente tomaram Olinda, seguindo para o Recife.
Com eles vieram muitos judeus, que fugiam da perseguição religiosa e juntaram-se aos cristãos novos que já tinham migrado para o Brasil.
Ali estabelecidos deram início ao processo de aterro do Rio Beberibe e sobre esse aterro começaram a edificar prédios, tais como, habitações, lojas. Armazéns, etc.
Essa rua que hoje se chama Bom Jesus, na época era conhecida como Rua dos Judeus.
Em uma destas casas instalaram uma sinagoga, a Kahal Zur Israel (Rochedo de Israel), foi a primeira criada nas Américas e tinha primazia sobre as demais que foram criadas em seguida.
Com a expulsão dos holandeses em 1654 a sinagoga foi desativada e muitos judeus saíram do Recife, seguiram para a Nova Amsterdam, que deu origem a New York.
Recife tornou-se cidade em 1823 e capital de Pernambuco em 1827, foi palco de muitas revoluções sangrentas, marcadas por lutas políticas, mas aos poucos talvez como consequência, foi se modernizando.
Não vou me deter muito na nossa história, pois a encontramos nos livros, nas consultas em internet.
O que eu gostaria mesmo de lhes mostrar como é o Recife atual no seu cotidiano.
Violência? Pobreza? Sim nela existem, mas qual cidade ou capital do Brasil está livre delas? Na melhor das hipóteses, diariamente com o êxodo rural aglomeram-se pessoas nas cidades fugindo das dificuldades, como a seca, por exemplo, em busca de uma "vida melhor" e despreparadas acabam por se amontoarem sem chances de emprego.
Outro problema: a falta de emprego não só no Recife pessoas que receberam uma boa educação formal sofrem a falta deste, quanto mais aqueles que não tiveram chances na vida.
Em decorrência desses problemas, dentre outras realidades, vão surgindo outros.
Contudo, não é problema só na nossa cidade, mas no país em geral,  e isso ocorre também no exterior.
Por isso digo: Recife é uma cidade como outra qualquer do país, mas tem seus valores, suas belezas, tem sua memória, pois não é uma cidade sem história.
Recife. Rio Capibaribe presente e cantados em versos e prosa que por vezes acolhe como reflexo as imagens de lindos casarios em suas águas, como na Rua da Aurora, por exemplo. Que foi uma constante na vida de Manuel Bandeira.
Hoje ele ficaria feliz por ver que as Ruas da Aurora, da União, da Saudade e do Sol, permaneceram com os mesmos nomes, continuam lindos os nomes de suas ruas de sua cidade, e não se chamam Dr. Fulano de Tal.

Por que o Recife e não Recife?
Transcrevo um texto de uma linda obra  cujo título é
ARRUANDO PELO RECIFE de Leonardo Dantas da Silva
SEBRAE 2000.

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