Overdose: A
importante troca de informações
Por:-
Elizabeth Misciasci.
-
“Meu filho não assiste à TV. Hoje, aliás, nem TV em casa tem mais...”
Triste realidade!
Ana
encostada na janela da saleta olha ao redor, enxuga as lágrimas e num silencio
que revela tudo o que as palavras não conseguiriam definir, encerra seu relato
e todo o drama vivido com Adilson, seu filho de 16 anos, dependente e usuário
compulsivo de craque.
Esta
mãe lamentavelmente é apenas mais uma mulher (entre tantas outras mães, irmãs,
esposas) que após ter lutado com todas as suas forças e ajudas possíveis, se vê
em completo desconsolo no centro de uma avalanche... A ruína da família...
Família esta, que tanto zelou procurando orientar e amparar. Porém, em razão da
dependência química e uso constante da droga ilícita, que seu filho primogênito
deixou-se “adotar” só consegue sentir cada vez mais distante o que ela
conceitua como toda ilusão de recuperação. E conclui seu relato com uma simples
e dorida frase: – “Apenas as luzes se apagaram de forma irreversível...”
Pontua.
Não
existe uma solução imediata que proporcione mudanças á curto prazo, regularize
os desequilíbrios gerados, nem tão pouco, métodos milagrosos sem efeitos
colaterais, que trate em 24 horas e resolva 100% dos casos, quando o assunto é
“DROGAS”.
Se
todo o medicamento exige controle, quem dirá os usuários de substâncias entorpecentes,
pois não podemos esquecer que seus efeitos são subjetivos.
A
pessoa viciada perde muitas vezes a noção do que é (ilegalmente falando)
“ajuste de dosagem” e em determinadas situações, é impossível eliminar ou
tratar os sintomas residuais, ou seja, o consumo exagerado, inevitavelmente,
acaba (que deveria ser inexistente) provocando neste usuário, uma crise que
chamamos aqui de “overdose”.
Óbvio, que não existe a “quantidade correta e benéfica”, no entanto,
existe uma situação ainda pior:- “a dose perigosa e irreversível”. Em casos que
este tipo de situação ocorre, necessita-se imediatamente da remoção desta
pessoa para atendimento hospitalar de emergência (que é difícil ser
providenciado e quando dado, é sempre demorado, pois o temor dos “parceiros” de
“embalo” e todo o comprometimento que pode causar, somados as condições
psicológicas e físicas dos “companheiros” inibem ou impedem a ajuda, ao
encaminhamento médico necessário desta “vítima”). O socorro pode deixar de ser
sério, longo ou correto... Simplesmente é tarde demais, findam-se os recursos,
pois impossível o é, resgatar o que já se foi... A vida.
Quem
já viveu situação semelhante, dificilmente aceita falar sobre o assunto, o que
é compreensivelmente normal se analisar que além da tristeza e aborrecimento, a
instabilidade emocional e a melancolia, não saem da alma jamais.
Cada
um tem uma forma de reagir diante da gravidade e de todas as problemáticas que
chegam junto com as DROGAS, que cada vez mais se alastra e atrai novos
“consumidores”. Independente da ocorrência ou não do óbito, a pessoa que
conviveu ou convive com dependente químico, precisa saber o quanto é preciosa à
informação, a sua história, a sua dinâmica com o drama, pois esta, quando
colocada de forma franca, ajuda outras pessoas que estejam vivendo na mesma
condição.
Manter
esta postura pode contribuir, quando ensina através das experiências vividas na
prática, a enfrentar as tempestades, que sem dúvidas, são repletas de feridas e
desilusões. A troca de informações, oferta discernimento SIM, como agir e ter
atitudes com inteligência e estratégias.
O
amparo, tanto para o usuário, como para quem “convive” com este é necessário,
ou melhor, dizendo:- “de suma importância”, porque em muitos lares, com o
passar do tempo, se desencadeia uma FOBIA, que gera angustia e ansiedade. Ouvir
testemunhas, enfrentar os medos, aprender com lições de vida alheia, contribui
e muito a lidar com os desafios de uma dolorosa realidade.
Romper
contatos perpetua as dúvidas e pode acentuar um sério problema ao invés de
esclarecê-lo ou resolvê-lo. Ás vezes com outras bases pode ser encontrando os
elementos necessários para se refazer, recuperar as forças, tratar com amor e
de forma racional aquele, dependente, que precisa se reencontrar. Porém, para isso, é preciso perspicácia,
muita força de vontade, argumentação, e adaptação.
Dizer
não ás DROGAS, não basta!
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