Como vencer a pobreza e a desigualdade
Valdeck Almeida de Jesus
A pobreza e a desigualdade social são duas grandes pragas da humanidade. Causadores de aflições de toda sorte, de violência e da multiplicação da desigualdade, esses males devem ser combatidos com a mobilização de todos os campos do conhecimento, bem como dos setores governamentais e de toda a sociedade.
Um dos fatores que mais gera violência e estimula disputas, responsável pela morte de milhares de pessoas em todo o mundo, é a fome. O pilar básico da sobrevivência do ser humano, alicerce para toda a sua estrutura física e social, a fome tem causado guerras e ceifado grande parte da mão-de-obra física e intelectual de nosso planeta. Além de ser responsável por um elevado índice de mortalidade, a fome estimula a busca desesperada por comida, numa disputa que atualmente beira as raias da loucura e da inconseqüência. Cenas de pessoas catando restos em lixões, dormindo em calçadas sob o frio e a chuva, de recém-nascidos encontrados no lixo e abandonados à própria sorte, de enchentes levando barracos ribanceira abaixo, de rios de lama e esgoto engolindo corpos humanos, já viraram rotina e não sensibilizam mais nossos corações como antes. A falta de amor, a falta de solidariedade, a disputa ferrenha por status, posição social ou por um espaço na mídia como forma de compensar a falta de valores morais e espirituais, tudo isso é conseqüência natural, direta ou indireta, da fome e da desigualdade social.
Quando se priva o ser humano da comida, ou seja, de sua condição básica de sobrevivência, retira-se dele também toda a dignidade, obrigando-o a lutar feito um animal, que precisa devorar seus pares em nome da autopreservação. Apaga-se de sua memória todos os resquícios de respeito a valores morais e espirituais. A luta pela comida toma todo o tempo do indivíduo, bloqueando em sua vida qualquer espaço para lazer, saúde, educação, espiritualidade, convívio social e familiar.
A globalização tomou de surpresa países que ainda estavam engatinhando em termos de distribuição de renda e de responsabilidade social. É necessário repensar políticas inclusivas e de resgate para populações que se encontram ainda sem acesso à saúde, habitação, educação formal, alimentação básica etc. A cega corrida por lucros, a insanidade do capital estrangeiro e nacional, que não têm compromisso com o social e com a inclusão de milhões de miseráveis no trem da dignidade humana, não só tem gerado cada vez mais pobreza como também maior desigualdade financeira e intelectual.
É urgente repensar as políticas públicas de inclusão social, de resgate da dignidade humana, de responsabilidade para com a formação das gerações futuras, a fim de se evitar o colapso das relações humanas e de se deter esses dois perigosos vilões da sociedade, geradores de tanta violência e morte no mundo: a fome e a má distribuição de renda.
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