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domingo, 12 de fevereiro de 2012

eisFluências de Outubro de 2010



Overdose: A importante troca de informações 
Por:- Elizabeth Misciasci.

- “Meu filho não assiste à TV. Hoje, aliás, nem TV em casa tem mais...”
Triste realidade!

Ana encostada na janela da saleta olha ao redor, enxuga as lágrimas e num silencio que revela tudo o que as palavras não conseguiriam definir, encerra seu relato e todo o drama vivido com Adilson, seu filho de 16 anos, dependente e usuário compulsivo de craque.
Esta mãe lamentavelmente é apenas mais uma mulher (entre tantas outras mães, irmãs, esposas) que após ter lutado com todas as suas forças e ajudas possíveis, se vê em completo desconsolo no centro de uma avalanche... A ruína da família... Família esta, que tanto zelou procurando orientar e amparar. Porém, em razão da dependência química e uso constante da droga ilícita, que seu filho primogênito deixou-se “adotar” só consegue sentir cada vez mais distante o que ela conceitua como toda ilusão de recuperação. E conclui seu relato com uma simples e dorida frase: – “Apenas as luzes se apagaram de forma irreversível...” Pontua.
Não existe uma solução imediata que proporcione mudanças á curto prazo, regularize os desequilíbrios gerados, nem tão pouco, métodos milagrosos sem efeitos colaterais, que trate em 24 horas e resolva 100% dos casos, quando o assunto é “DROGAS”.
Se todo o medicamento exige controle, quem dirá os usuários de substâncias entorpecentes, pois não podemos esquecer que seus efeitos são subjetivos.
A pessoa viciada perde muitas vezes a noção do que é (ilegalmente falando) “ajuste de dosagem” e em determinadas situações, é impossível eliminar ou tratar os sintomas residuais, ou seja, o consumo exagerado, inevitavelmente, acaba (que deveria ser inexistente) provocando neste usuário, uma crise que chamamos aqui de “overdose”.
Óbvio, que não existe a “quantidade correta e benéfica”, no entanto, existe uma situação ainda pior:- “a dose perigosa e irreversível”. Em casos que este tipo de situação ocorre, necessita-se imediatamente da remoção desta pessoa para atendimento hospitalar de emergência (que é difícil ser providenciado e quando dado, é sempre demorado, pois o temor dos “parceiros” de “embalo” e todo o comprometimento que pode causar, somados as condições psicológicas e físicas dos “companheiros” inibem ou impedem a ajuda, ao encaminhamento médico necessário desta “vítima”). O socorro pode deixar de ser sério, longo ou correto... Simplesmente é tarde demais, findam-se os recursos, pois impossível o é, resgatar o que já se foi... A vida.
Quem já viveu situação semelhante, dificilmente aceita falar sobre o assunto, o que é compreensivelmente normal se analisar que além da tristeza e aborrecimento, a instabilidade emocional e a melancolia, não saem da alma jamais.
Cada um tem uma forma de reagir diante da gravidade e de todas as problemáticas que chegam junto com as DROGAS, que cada vez mais se alastra e atrai novos “consumidores”. Independente da ocorrência ou não do óbito, a pessoa que conviveu ou convive com dependente químico, precisa saber o quanto é preciosa à informação, a sua história, a sua dinâmica com o drama, pois esta, quando colocada de forma franca, ajuda outras pessoas que estejam vivendo na mesma condição.
Manter esta postura pode contribuir, quando ensina através das experiências vividas na prática, a enfrentar as tempestades, que sem dúvidas, são repletas de feridas e desilusões. A troca de informações, oferta discernimento SIM, como agir e ter atitudes com inteligência e estratégias.
O amparo, tanto para o usuário, como para quem “convive” com este é necessário, ou melhor, dizendo:- “de suma importância”, porque em muitos lares, com o passar do tempo, se desencadeia uma FOBIA, que gera angustia e ansiedade. Ouvir testemunhas, enfrentar os medos, aprender com lições de vida alheia, contribui e muito a lidar com os desafios de uma dolorosa realidade.
Romper contatos perpetua as dúvidas e pode acentuar um sério problema ao invés de esclarecê-lo ou resolvê-lo. Ás vezes com outras bases pode ser encontrando os elementos necessários para se refazer, recuperar as forças, tratar com amor e de forma racional aquele, dependente, que precisa se reencontrar.  Porém, para isso, é preciso perspicácia, muita força de vontade, argumentação, e adaptação.
Dizer não ás DROGAS, não basta!


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